segunda-feira, 13 de julho de 2009

DIA DO ROCK !

Texto abaixo retirado do Correio Braziliense de hoje...

Artigo - Olímpio Cruz Neto, especial para o Correio
Uma cinquentona roqueira

Do iê-iê dos Primitivos, em 1967, até as baladas de Beto Só, em 2009, passando pelo batidão dos Matuskelas, em 1972, até o proto-punk do Aborto Elétrico, em 1978, Brasília faz e respira rock. Já se vai quase meio século desde que os primeiros acordes de uma guitarra elétrica incendiaram moleques entediados em casas nas antigas satélites e nas super-quadras do Plano Piloto. De lá para cá, o gênero catalisou a urgência da cidade. E da molecada.

Quando, nos anos 1960, a Universidade de Brasília (UnB) sentiu as primeiras investidas de força do regime militar, boa parte da garotada residente em Brasília se encantava com o rock. Dos Reges aos Quadradões, a cidade se envolvia num clima de rebeldia até ser cruelmente atacada pela invasão da universidade em 1968. Sobreviveu. E a música também.

Nos anos 1970, em meio à pauleira militar, fervilhavam grupos na cidade como Mel da Terra, Tellah e Fusão. Tais bandas marcaram um período particular da história da cidade. Até desembocar na fúria punk herdada dos ingleses — sempre eles! — após a investida violenta do regime à UnB em 1977. A trupe era capitaneada por Renato Manfredini & acólitos e viria a render a primeira geração vitoriosa da cena roqueira daqui em nível nacional uma década depois: o triunvirato Legião Urbana-Plebe Rude-Capital Inicial.

Nos 1990, Little Quail, Raimundos e Maskavo Roots mantiveram a chama acesa, enquanto se multiplicavam riffs, tambores e gritos. Do atropelo dos anos colloridos até a pax tucana, a cidade abriu novas fendas. Agora, com o concreto rachado, mais e mais grupos seguem ditando os humores febris. São acordes de vitalidade, vozes da cidade e timbres nervosos da vida.

Do Watson ao Phonopop, passando por Bois de Gerião, Slug e 10zer04, o rock de Brasília permanece vivo em pleno século 21. Sem o mesmo apelo comercial de outrora. Mas, em tempos de internet livre e de morte das mídias tradicionais, quem precisa tocar no rádio para fazer música? O futuro é agora.

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